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  • Foto do escritorBeto Ruschel

Memórias de uma turnê do oeste


Enquanto escrevo, é segunda-feira. Última semana de abril de 2018. Última semana em que teremos mais dois compromissos pela turnê comemorativa de 10 anos, a qual nomeamos “Identidade Amarelada, virtudes Renovadas.”. Eu e meus nomes doidos! Quando comentei com meu amigo Jean sobre a turnê e o nome que daríamos a ela, ele ficou sem entender muito. Mas quando ele viu o layout que também saiu direto da minha cachola, com todos aqueles RGs dos Forasteiros apontando o que seria a tal da identidade amarelada, tudo ficou mais claro. “Pô, cara, de primeira assim eu não saquei qual que era a ideia... Mas depois, pô... Muito massa!”. Não lembro se foram exatamente estas as palavras do Jean, mas recordo bem do elogio. E outros elogios vieram também relacionados à ideia do nome da turnê e ao seu layout representativo. Tudo isso me deixou muito satisfeito, pois, quando se trata de bolar conceitos, tenho minhas paranoias. Isso é assunto para outra coluna. Vamos em frente!

Hoje, segunda-feira, depois de tanto tempo sem escrever, resolvi registrar um relato sobre tudo isso. Sobre a turnê; sobre cada show; sobre meus parceiros de banda (só coisa boa). Ainda faltam duas apresentações. Uma que foi antecipada para a quarta (25) e a outra que encerra a West Tour (28). Itapiranga e São Miguel do Oeste.

Olhando para trás, agora tudo parece bem mais simples. Shows realizados com maestria, cachês recebidos, público comparecendo em peso... Será? Mais ou menos. Não é bem assim! Esta turnê começou ainda em 2017. Tendo em vista o grande sucesso que obtivemos na comemoração dos nossos 9 anos de banda (ingressos esgotados e pessoas de fora querendo entrar), ocorreu-me a ideia de ampliar e fazer algo a mais para uma DÉCADA. Ao apresentar o projeto da turnê aos Forasteiros, acredito que nenhum deles tenha dimensionado como seria na prática tudo isso. Conforme fui contatando e fechando as apresentações, o tamanho da empreitada começou a saltar aos olhos. Estava de fato acontecendo! Uma banda de rock do interior do interior de Santa Catarina encarrilhando 10 shows em sequência. UAU! Que pretensão! Seis fins-de-semana ao todo. Um feito e tanto. Até aí, tudo bem.

Então começaram as encrencas. Depois de ter o último compromisso acertado (não cronologicamente falando), chegou aos meus ouvidos a insatisfação de algumas forasteiretes (como carinhosamente chamamos aquelas meninas que são nossas companheiras, esposas, namoradas, filhas etc.). A insatisfação se dava pelo fato da ausência nos fins-de-semana por um mês inteirinho. Aqui caberia uma daquelas carinhas triste do whatsapp. Ausência física, nem tanto, mas uma ausência sentida pelo cansaço que sentimos após cada show. Ficamos razoavelmente imprestáveis para compromissos diurnos tipo passeios na praça, filmes no netflix com pipoca. O que queremos mesmo, nesses momentos, são algumas horas de sono. Entendo a insatisfação delas (um pouco). Mas tranquilizei minha alma, pois só pegaria emprestados os Forasteiros por um mês. Afinal, um mês passa rapidinho (carinha sorrindo). E, para acrescentar, eu também tenho minha própria Forasterete e dois pacotinhos (de 4 e de 1 ano de idade) que adoram receber minha atenção. Eles me apoiam QUASE incondicionalmente.

Outra encrenca: negociar com cada contratante. Data, horário, cachê, colocar banda antes, colocar banda depois, fazer um evento somente com os Forasteiros e, finalmente, divulgação. Nossos dez anos de estrada facilitaram um pouco, é verdade, mas, assim mesmo, enfileirar 10 shows em sequência não é uma tarefa tão simples para uma banda de músicos que não têm a música como o trabalho principal, aquele que provê para a família. Ainda hoje me pergunto como foi possível fazer acontecer tudo isso em 10 cidades diferentes da região. No final, apenas um cancelamento (Dionísio Cerqueira) saiu barato. Digo isso sem saber se os últimos dois acontecerão, mas, a não ser que aconteçam tragédias (toc toc toc), nada deve impedir que o rock dos Forasteiros chegue em Itapiranga e volte para São Miguel carregado nos ombros (que imagem).

E como foi a turnê até aqui? Vou fazer um resumão que me ajuda também a reviver os maus e bons momentos do nosso giro.

República Bowling Pub (Maravilha/SC) – Pé na porta. Primeira cidade. Tinha tudo para ser uma entrada triunfal. Ainda contamos com a participação dos amigos da banda Os Generais que, segundo os próprios, poderia estar comemorando dez anos junto conosco, não fossem as idas e vindas na formação e alguns intervalos que interromperam a sequência do trabalho. Maravilha é uma cidade que tocamos desde o início. Estávamos ansiosos em retornar, pois desde que o Loro Tatoo Beer deixou de funcionar, foi como se um pedaço nosso tivesse parado de funcionar também. Queremos muito reencontrar nosso público de Maravilha, mas não foi desta vez. Galera empolgada no República Bowling Pub, porém em pouca quantidade. Bastante aquém do esperado. Deposito um pouco na conta da chuva torrencial que caiu naquela noite. Voltaremos!

Galpão (São Carlos/SC) – A redenção do fim-de-semana anterior. Evento com ingressos antecipados e esgotados com uma semana de antecedência. Muita organização. Uma cidade que abrigou nosso coração forasteiro e toda vez que visitamos é como se estivéssemos em casa. Lavamos a alma e voltamos para os trilhos. Ainda tivemos a grata surpresa de conhecer a banda Black Fire com repertório interessantíssimo e muita competência.

Palmeira das Missões/RS – Acredito que nos doamos muito em São Carlos. E o dia posterior cobrou o preço. Pousamos no hotel. Eu amanheci com o estômago revirado. Algo não me fez bem. Pra piorar, o Deni também acusou o golpe. No geral, todos cansados. Entretanto, nossa amiga Adri tinha preparado todo o terreno para encaixar nossa apresentação em pleno primeiro de abril que também era... PÁSCOA! E lá fomos nós montar equipamento na praça (na raça), relembrando projetos antigos. Nossa apresentação foi contida. Tivemos que adaptar o repertório. A escolha de músicas foi difícil. Estávamos felizes por rever velhos amigos por lá, mas ficamos igualmente felizes quando encerramos a apresentação. Só queríamos voltar pra casa. Voltaremos com mais gás para Palmeira. É uma promessa.

Bar do Bucha (Xanxerê/SC) – Não sei porquê, mas algo me dizia que Xanxerê seria outra história. Diferente de Maravilha. Diferente de Palmeira. Fazia algo em torno de um ano que não tocávamos lá. A última vez tinha sido mesmo no próprio Bar do Bucha. O lugar já não é muito grande e, da outra vez, tinha uma mesa de sinuca bem no meio. Doidera total. Desta vez, sem a mesa, a galera tomou conta do pequeno espaço e esquentou a noite. Metemos o pé e foi que foi. Eu ainda não estava contando o placar, mas diria que ali empatamos a partida em 2x2. Não é o ideal, mas já é melhor que derrota.

Santa Hora (São José do Cedro/SC) – Com o bar sob nova direção, precisávamos mostrar serviço. Fomos muito bem recomendados por nossos amigos, antigos donos, Diego, Andrei e Marcelo. Tínhamos apenas que confirmar a expectativa. O cansaço estava novamente nos cercando, mas fomos surpreendidos por uma plateia extremamente ativa. Coisa que nunca tínhamos visto ali no Cedro: a galera levantou de suas mesas e veio dançar em frente ao palco. Foi revigorante. Agora, já contando o placar, um vibrante 3x2 de virada. Vamos golear. Uma nota decepcionante da noite foi o furto de um souvenir dos forasteiros. Uma garrafa de cerveja comemorativa dos 10 anos da banda. E, ao que tudo indica, uma pessoa que não precisaria cometer esse furto. Que pese na sua consciência.

West Pub (Anchieta/SC) – O nome do Pub tem o nome da turnê (West Tour). Anchieta, a cidade que é o berço do Rock in São Roque. Cidade das cachoeiras. Caramba. Não tem como dar errado! Deu. Mais uma vez, tocamos em consideração às poucas pessoas que compareceram. Começamos tarde, porque a banda que tocaria antes também começou tarde. Duas da madruga e lá fomos nós para cima do palco. Aqui não sei mesmo na conta de quem creditar. Pouca divulgação? Fizemos o dever de casa. Pensei que mais pessoas de Anchieta teriam vontade de assistir um bom Rock. Talvez não fosse a lua certa... Espero poder retornar com melhor resultado para Anchieta. E o jogo empatou de novo. 3x3. Agora era questão de honra.

Casa da Bebida (Pinhalzinho/SC) – E foi na maior incógnita da turnê que os bons momentos tomaram novamente à dianteira. Pinhalzinho era um ponto de interrogação para nós. A negociação foi difícil. Não sabíamos como seríamos recebidos. Então todos aqueles braços abertos e acolhedores nos confortaram e fizeram, mais uma vez, com que déssemos o melhor de nós. Ótima apresentação! 4x3. Ficou aquele gostinho de quero mais, pois também fomos prejudicados pela chuva que apenas reduziu o público que poderia ser um pouco maior.

Tchê Michurri (Dionísio Cerqueira/SC) – Cancelado por causa de alvará. Ficou um gostinho amargo, pois tínhamos uma expectativa muito boa em relação à nossa ida para a Tri-Fronteira. Gol anulado? De quem? Deixa assim...

Espero que você, querido leitor, consiga viver os momentos comigo. Sejam eles bons ou não tão bons momentos, todos servem de aprendizado, já diria o filósofo de botequim, Deni Andrade. Eu não me contive em esperar encerrar a turnê em São Miguel do Oeste para escrever estas linhas. Não! Eu precisava colocar pelo menos um pouco pra fora. Acredito que faremos boas apresentações nestes dois últimos compromissos. Um rock no meio da semana em Itapiranga e um Setessete cheio de amigos para comemorarmos em uma só voz: a voz dos Forasteiros.

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